terça-feira, 19 de março de 2013

Já se passaram três anos...

O final do mês de março sempre me remete ao fim de um ciclo de minha vida profissional, no Figueirense Futebol Clube. Esta postagem, entretanto, não vai falar do momento do clube ou das pessoas que o gerenciam, e sim de um período de seis anos que vivi naqueles corredores. A princípio, imagino ser o sonho de todo torcedor, ocupar um cargo no seu clube do coração. A oportunidade me foi dada em junho de 2004, e meu começo foi como Secretário de então Figueirense Participações, um cargo que me permitia transitar e observar cada detalhe dos procedimentos do futebol, desde o mirim até o profissional. Praticamente dois anos depois, em virtude deste período de aprendizado e preparação, fui convidado a ocupar o cargo de Vice-Presidente de Futebol de Base, que embora fosse uma posição institucional, me permitiu atrair novos olhares para o que era feito nas categorias menores. Lá, o dinheiro investido não poderia ser tratado como despesa, e sim como investimento. Títulos? Aconteceram aos montes, mas não poderiam ser o objetivo do trabalho. O trabalho pode ser considerado perfeito? Não, é evidente que muita coisa ainda havia por fazer, mas o avanço era nítido. Quais as razões disso? Como eu disse, minhas boas relações com quem tinha o poder de decidir sobre investimentos e uma equipe técnica e administrativa que trabalhava em sintonia e com muito prazer. Algumas dessas pessoas, por certo, não sairão das minhas memórias, e não as cito, pois considerando minhas características pessoas, tenho certeza de que elas saberão se identificar. Entre os incontáveis títulos que esta equipe venceu, sem sombra de dúvida, a Copa São Paulo merece destaque. Vencer esta competição, para um time em ascensão, nem sempre é tão bom como parece, ainda mais em ano de rebaixamento do profissional. Muito teve de ser feito, pressões e assédios eram problemas diários, que tiveram que ser enfrentados com serenidade. Dias atrás, uma matéria de boa pesquisa, mas com enfoque negativista, falava sobre os destinos dos campeões da Copa São Paulo. É assim o futebol. De um grupo vencedor, apenas um, dois ou nenhum jogador pode ser destaque no futuro. A equipe "perdedora" de 2006, da mesma competição, revelou Henrique, Soares e Diogo. Volto a dizer, quem busca trabalhar com algo lógico, que se afaste da bola. Ainda assim, meu ciclo se encerrou na base com um reconhecimento que muito me emocionou. Fui nome de de uma Taça entregue pelo título de juniores, coincidentemente, ao Figueirense. Tenho certeza que esta homenagem se deu por idéia de um grande amigo, José Luis Corrêa, que nos deixou quando ajudava a administrar a Associação de Clubes de SC, e que acompanhou meu empenho no fortalecimento do futebol de base. Era chegada a hora de ascender ao profissional. Convite feito e aceito. Aprendi na marra, tomando uma bela pancada. Em 2008, o cargo de Vice de Futebol de Base foi agregado pelo Vice de Futebol Profissional, e em 2009 tive a oportunidade de regressar à empresa e de fato, gerir o futebol profissional. Erros e acertos, reconheço todos. Algo de que me orgulho é a coragem. Jamais me escondi, deixei de me pronunciar, ou de encarar as crises de frente. Minha relação com a imprensa era fácil. Os torcedores, mesmo desconfiando da instabilidade da equipe, jamais me desrespeitaram, pessoalmente. Os demais dirigentes, fora aqueles que já carregavam impressões a meu respeito, percebiam meu empenho para que o resultado fosse a subida a série A. Isso não aconteceu e talvez tenha sido o dia mais difícil da minha história no Figueirense. Parecido com esta dia, só em um outro, em que recebi a notícia de que um atleta da base estava com leucemia. Me senti sozinho. Aqueles que festa fizeram na vitória sobre o Vasco em São Januário, que nos colocou no G-4, já não estavam mais ali. Recebi quatro ligações fundamentais antes da coletiva, que amenizaram o sofrimento e me permitiram concluir meus raciocínios. De vez em quando ainda revejo esse momento e me critico. Perdoo, pois estava de fato abatido. Assumi, como o faço até hoje, inteira responsabilidade pelo que alguns entendidos chamaram de "desfecho melancólico". Sou grato a todos que estiveram ao meu lado, desde o seu Carlito do CT, até os empresários dos atletas que fizeram parte do grupo. Esse período do ano é sempre destas e de outras lembranças. E como fui feliz, e não me importa o que digam...

E foi assim, que vivi essa experiência que suponho ser inigualável...

Ps: Pensando nisso, estabeleci que semanalmente vou fazer pequenos relatos, diferentes desta longa história, com momentos vividos ao longo destes anos. Coisas curiosas do mundo do futebol. É uma outra forma de manter vivas as boas lembranças e homenagear aqueles que fizeram parte deste contexto.